Criatividade: uma página em branco
12 abr 2018

Criatividade: uma página em branco

A liberdade da criatividade

Pensar fora da caixa, esse conceito que se utiliza tantas vezes quando se procura algo novo, algo criativo, algo diferente. A criatividade é um bicho complexo, mas possível de ser desenvolvido ao longo da vida.

Dizem que quando somos crianças, o processo criativo está ao rubro. Uma criança consegue desenvolver toda uma história através de um simples objeto. Porque é que isso acontece? Simples, porque lhe dão a liberdade necessária para que isso aconteça.

Com o passar dos anos, é-nos imposto uma série de regras, desde formas de estar a formas de pensar. Vamos construindo uma personalidade que nem sempre se foca no lado criativo. Se nos dão liberdade para criar, sem regras e imposições, com certeza sentimos a criatividade a fluir. Se nos impõem demasiadas condições e sentimos que a probabilidade de nos criticar é elevada, o bloqueio apodera-se muito rapidamente e condiciona o resultado.

Falo por experiência própria. É natural que, mesmo que nos formemos numa área, só quando enfrentamos o mercado de trabalho é que aprendemos realmente a exercer. Quando comecei o meu percurso, pouco ou nada sabia sobre criatividade e formas de a alimentar, apesar de, desde cedo, desenhar e pintar.

 

Como ser criativo?

A nossa mente está tão focada nas novidades e mudanças (tantas vezes complicadas de gerir) que um começo de carreira acarreta, que não consegue ser livre para criar.

Temos medo de falhar (ainda hoje tenho, mas muito menos), de não corresponder às expectativas de quem já sabe mais, e estamos confusos com a inexperiência que toma conta de nós. É aqui que entra todo o processo de aprendizagem e de desenvolvimento do nosso lado criativo. Começamos a procurar inspiração em todo o lado, começamos a conhecer mundos novos, começamos a procurar exemplos de relevo, e começamos a deixar fluir. Construímos um percurso sinuoso mas estimulante e pouco a pouco libertamos o lado criativo que todos nós temos e muitas vezes não sabemos.

Como alguém um dia me disse: não digas “não tenho jeito”, o “jeito” treina-se com esforço e dedicação.

 

“Blank Page” e o desafio de começar do zero

O que é que pode ser mais castrador ou desafiante para um criativo do que uma “página em branco”? Com ou sem briefing, com ou sem informação relevante, temos de arrancar com um conceito. Uma página em branco pronta a ser desbravada com ideias e resoluções de problemas.

Temos de desbloquear a máquina: procuramos inspiração em muitos lados e cuidado para não nos sentirmos frustrados com tanta qualidade que existe por aí! Peguemos nisso e alimentemos a nossa máquina, comecemos a esboçar possibilidades sempre enfrentando uma linha muito ténue que existe entre a inspiração e a cópia. A cópia é pobre e desrespeituosa, a inspiração é rica e válida.

Com o tempo aprendemos a ramificar ideias, a simplificar e a máquina flui muito mais naturalmente. Começamos a sentir muito mais confiança no que depositamos no nosso trabalho e os resultados começam a compensar todo o esforço de todo aquele processo complexo.

 

Subjetividade, conexão e resultados

Depois vem o outro lado desta área criativa: a subjetividade. O que é bonito para mim, pode não ser bonito para ti. Mas afinal, o que é ser bonito? o que importa tirar daqui?

Um cliente, na maioria das vezes que procura ajuda para desenvolver um projeto, não sabe o que procura. Parte de nós, em equipa, desenvolver um conceito que consiga agradar e corresponder ao que o cliente espera (mesmo que não saiba o que quer).

Durante muitos anos eu desenvolvia uma ideia e não a apresentava diretamente ao cliente. Resultado? Não havia conexão. Não conseguia criar uma linha condutora entre a minha ideia e a do cliente. E podem ter a certeza que 80% das vezes a ideia era rejeitada ou posta em causa.

Agora, na Bluesoft, onde tenho um contacto direto com o cliente, consigo, na maioria das vezes, acertar no conceito pretendido. Não é um trabalho fácil. O cliente pode pôr em causa o que para nós faz sentido (o que é totalmente válido, o trabalho final é para ele), no entanto podemos sempre “educá-lo”, defendendo o nosso ponto de vista e todo o storytelling que poderá ter sido utilizado para chegar ao conceito final.

É um trabalho de equipa, ouvir e ser ouvido.  Quando se conecta e quando se tem liberdade para criar e aprender, a criatividade consegue ser positiva e eficaz. A subjectividade aqui ganha uma nova expressão: conexão.

Conexão para atingir bons resultados.

 

Andrea Sousa
Art Director na Bluesoft


Andrea Sousa | Bluesoft

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