Já lá vai o tempo em que um namoro era uma relação vagarosa, em que as pessoas envolvidas se conheciam e galanteavam por muito tempo, até decidirem se queriam passar o resto da vida juntos.
Tal, também acontecia com os consumidores, que tinham relacionamentos com as marcas com base na fidelidade, preço e durabilidade dos produtos. Nessa altura, as empresas eram distinguidas e avaliadas pelo dinheiro que faziam, pela sua sustentabilidade e, logo, pelo seu valor no mercado. Tinham um valor real, que construíam ao longo de anos.
Mas os tempos mudaram, as mentalidades evoluíram, e o jogo de sedução é outro. Há mais flirt, rápido e sem compromissos.
Com as marcas aconteceu o mesmo. Com a evolução da tecnologia, a criação de novos mercados, constante lançamento de novos produtos e a diminuição do poder de compra dos consumidores, as receitas já não são a única questão para avaliar uma marca. As empresas precisaram criar uma nova forma de contabilizar o seu valor, ou seja, a sua capacidade de sedução, especialmente online. Neste contexto, usam os likes como uma medida de valor. Muitos likes/seguidores geram muito valor, em Consumer Data e Market Research, que se traduzem em moeda de troca para Publicidade.
Esta forma de publicidade online, a falta de controlo e de qualidade, gera criação de páginas e conteúdos online que apenas têm títulos sugestivos e tentadores, de forma a atrair mais utilizadores e lucrar com as receitas da publicidade online. Caminhamos então para uma era de desinformação, falta de confiança e cepticismo em vez de aproveitar todas as mais valias que a Web nos poderia fornecer.
Temos de parar para pensar: será que este relacionamento tem futuro?
Hoje em dia, as marcas e o consumidor têm uma relação de amor-ódio, que muda, literalmente, à velocidade de um like. O que torna esta forma de avaliação num processo frágil e pouco realista.
Há marcas, como a Apple, que despertam paixões tão assolapadas que levam o consumidor a cometer as maiores loucuras, como ficar horas (ou dias) numa fila, para comprar o último gadget lançado pela marca. Mas também há as que, devido a um mau passo, como a Pepsi e o seu anúncio com a modelo Kendall Jenner, - em que a solução para a questão racial foi reduzida a uma lata de refrigerante - criam uma onda de ódio de estimação do consumidor, algo que pode levar anos a ser reparado.
Este jogo de bem-me-quer, mal-me-quer, leva a que o valor real das marcas seja esquecido no processo. A relação de sedução é tão valorizada em likes, que se perdem os valores essenciais para a manutenção da economia.
Um relacionamento pressupõe uma ligação afetiva, um processo positivo para os intervenientes, que podem crescer juntos. Um namoro imaginário, pode ser muito mais idílico, mas não passa disso mesmo, de um amor platónico e imaginário, sem interesse para qualquer um dos intervenientes.
Se um compositor vai vender a sua música a uma produtora, porque tem milhares de likes no Youtube, a produtora vai contratá-lo, porque esses likes são uma base de dados atraente e lucrativa para serem vendidos aos seus patrocinadores. Ou seja, a razão deste relacionamento, neste caso a música, é só um pormenor nesta métrica fantasma. Por isso, já não se compram empresas, compram-se likes. E não estamos a ser românticos, quando suspiramos pelo momento em que a paixão pelas marcas se baseava no reconhecimento do seu real valor e potencial.
Empresas como o Twitter, o Google e o Facebook, e muitas Startups funcionam assim, com base na recolha de dados. Mas esta recolha já está a ser feita por todo mercado e chegará uma altura em que todos terão acesso a eles deixando-os, literalmente, sem valor. Se todos usarem dados para gerar publicidade, que vai gerar mais publicidade, o ciclo fica viciado, deixando de haver rendimento.
Estabilidade, sustentabilidade e genuinidade. O objetivo deverá ser criar relações duradouras, de confiança e mutuamente benéficas. Não devemos focar no número de likes, seguidores, visitas à nossa página, se a mesma está a atrair mais pessoas que não contribuem para a boa saúde da organização e poderá afastar as que realmente poderiam ter carinho e respeito por nós.
É preciso promover a circulação de valor, criar business plan reais, incluir os trabalhadores, os processos e até o planeta na equação. Otimizar os negócios, para promover e extrair valor monetário e humano, e não apenas conseguir capital rápido e sem valor para a manutenção da economia de mercado.
Neste caso, vale a pena “meter a colher” entre a marca e o consumidor e pensar de que forma o relacionamento pode voltar a ser equilibrado e produtivo a longo prazo, à luz dos dias de hoje, gerando uma economia equilibrada e lucrativa para todas as partes envolvidas.
Crie um relacionamento duradouro para a sua empresa, tomando decisões assertivas e planeadas, com parceiros que a ajudem a valorizar-se no mercado e que a façam feliz para sempre. Fale connosco, estamos à sua espera, para um primeiro encontro.
Paula Santos | Bluesoft