Depois de receber, nos últimos dias, mais de 100 000 e-mails relacionados com o RGPD - emails de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, e-mails tanto de empresas com as quais mantenho contratos ou outras afinidades comerciais, como de empresas com quem já não tenho qualquer espécie de vínculo, e-mails, inclusive, de empresas cuja existência desconhecia e com as quais nunca estabeleci qualquer ligação - resolvi refletir um pouco sobre o tema.
Os e-mails começam quase todos da mesma forma, anunciando que a empresa está completamente empenhada em garantir a proteção dos nossos dados, etc., etc., (querem com isto dizer que estão à rasca devido às avultadas multas que se avizinham).
As empresas que realmente já estavam empenhadas em garantir a proteção dos nossos dados, não esperariam pelo fatídico dia 25 de maio para manifestar a sua preocupação. Teriam desenvolvido, atempadamente, sistemas de acordo com as boas práticas de regulação da proteção de dados (recorde-se que esta lei tem mais de 2 anos).
Em redes profissionais como o LinkedIn surgem imediatamente e oportunamente grandes especialistas em RGPD com elaboradas palestras agendadas. Instituições e associações empresariais, com a "casa toda por arrumar" ao nível das boas práticas digitais, fazem questão em agendar sessões de esclarecimento, de forma a mostrar o seu importante contributo para os associados, advogados tornam-se verdadeiros especialistas em formulários web, ignorando, contudo, o que é um opt-in.
De forma a ficarmos com os nossos dados seguros, apresentam-nos um conjunto de ações e validações a executar quase ao nível do preenchimento do IRS.
Uns vão ao exagero de pedir que se entre num determinado site, que se submeta o NIF, que se insira uma determinada password que já foi enviada, que a legislação seja lida, e, que se dê consentimento, caso contrário, mesmo com acordos comerciais em curso, cessam por completo o contacto connosco, independentemente do teor ou do assunto!
Outros (muitos deles nem conheço, nem nunca dei os meus contactos) dizem simplesmente que, se não desejar receber mais informações, tenho de enviar um e-mail a dizer REMOVER, caso contrário continuarei a pertencer às suas bases de dados…
Obviamente estão ambos errados. Nem podemos chegar ao ponto de bloquear completamente a comunicação com os clientes, quando já existe um contrato, prestação de serviços, etc., caso esses não aceitem implicitamente o contacto, nem podemos, por outro lado, dizer que, caso o destinatário do e-mail (que nem cliente é nem nunca foi) não responder manifestando expressamente que quer sair da mailling list, aceita a receção de publicidade não solicitada.
Outra coisa que ainda ninguém percebeu é quem vai fiscalizar. (Será o CNPD?) Espero que pelo menos esta lei acabe com os melgas sempre a tentar impingir todo e qualquer tipo de bens e serviços.
Certamente que não. Mas em contrapartida sabemos tudo acerca do Sporting, que é muito mais importante para a vida das pessoas.
P.S. Já agora, se assim o pretender, pode remover a subscrição desta newsletter no canto inferior direito do e-mail que lhe foi enviado.